segunda-feira, 15 de outubro de 2007

*** Educar devidamente

Ouvimos a história de alguém que aprecia contá-las

ao sabor da própria memória e de suas próprias adições.

Eram dois garotos levados. Dois irmãos "do barulho".

Tudo que acontecia em termos de confusão, na pequena cidade,

envolvia os moleques.

A mãe, mulher honesta, de bons costumes,

se preocupava com o que viriam a ser seus dois meninos.

Por isso, procurou o padre da igreja que freqüentava,

pedindo ajuda.

O que fazer se os filhos não lhe ouviam os conselhos?

Que tática poderia ela utilizar para fazer com que os filhos

deixassem de ser tão travessos?

O padre era um homem alto, encorpado, de voz forte.

Disse àquela mãe que mandasse os garotos falarem com ele,

separadamente.

Primeiro, o mais novo.

E lá foi o menino. O padre o levou a uma sala,

fê-lo sentar-se em uma cadeira e, dedo em riste,

foi logo perguntando:

Menino, então, me diga, onde está Deus?

O garoto se encolheu, esbugalhou os olhos,

escancarou a boca e ficou olhando o homem à sua frente,

que continuava a perguntar:

Diga: onde está Deus?

As mãos do pequeno ficaram trêmulas.

E continuou mudo, o pavor tomando-o por inteiro.

E, porque a pergunta se tornasse insistente,

ele se levantou e fugiu em desabalada correria.

Foi para casa e se escondeu no armário do quarto.

O irmão mais velho o encontrou, pálido e agitado.

O que aconteceu, mano?

E o garoto, ainda sem fôlego, gaguejou:

Mano! Desta vez estamos perdidos. Deus sumiu!

E o padre está dizendo que fomos nós!

O fato, com certeza, nos motiva o riso.

Contudo nos dá a tônica de como nós,

na qualidade de educadores,

ainda andamos longe do ideal.

Quantos de nós não agimos assim?

Fazemos perguntas, acusamos nossos filhos,

nossos alunos, sem que eles possam entender

exatamente o que está acontecendo.

O porquê daquelas afirmações e indagações.

É por isso, entre outras questões,

que nossa educação não alcança os objetivos que desejamos.

Porque não nos fazemos entender.

Não dizemos exatamente o que se faz necessário.

Ao tentar corrigir um erro, vamos pelas beiradas,

quando deveríamos ir diretamente ao ponto.

Indagar o porquê da atitude equivocada,

se aquilo é correto, se é justo,

se gostaria que com ele acontecesse o que fez ao outro, etc.

Aí, sim, nosso falar seria como pregava Jesus:

Sim, sim, não, não.

Indo ao ponto, falando às claras, e, a partir disso levar a criança

ou adolescente a pensar conosco.

Eles precisam entender o que é que estamos cobrando,

por que estarão recebendo uma ou outra penalidade.

Isso fará com que nossos educandos, sejam filhos ou alunos,

ou sobrinhos, ou vizinhos, não nos temam.

Mas nos entendam.
Entendam nossas propostas educativas.

Pensem a respeito e as assimilem.

Com certeza, nenhum de nós deseja amedrontar

quem quer que seja e, muito menos, criar complexos de culpa,

sempre perniciosos, a almas em formação.

Pense nisso

A tarefa da educação nos convida, de forma incessante,

à revisão das nossas próprias atitudes e comportamentos,

a fim de que sejamos os autênticos promotores

da nossa educação.

Por extensão, dos que estão conosco.

Dos que nos observam todos os dias,

nas mais diversas situações.

Redação do Momento Espírita

sábado, 13 de outubro de 2007

*** A COMPAIXÃO INDISPENSÁVEL

A busca pelo bem-estar é inerente à natureza humana.

O desejo do homem de livrar-se do sofrimento propiciou

notáveis descobertas em todos os setores

do conhececimento.

Analgésicos e anestésicos podem ser citados como

conquistas humanas na procura de bem-estar.

Ar condicionado, colchões ortopédicos e mesmo

a singela água encanada também compõem

o espectro de invenções destinadas a tornar

a vida confortável.

Na busca de conforto e tranqüilidade,

um dia o homem

voltará sua atenção para os problemas morais

que a sociedade enfrenta.

Então compreenderá que o egoísmo é a causa

de todas as desgraças sociais.

Ele é que permite a um homem investir

sobre o patrimônio, a honra e a vida de outro,

qual uma fera selvagem.

O egoísmo é a matriz de todos os vícios.

Quando ele for combatido, todos os seus

desdobramentos,

como vaidade, ganância, maledicência e

corrupção, perderão a força.

A disseminação das idéias espíritas é um

poderoso elemento de combate ao egoísmo.

O Espiritismo deixa claro que todo vício

gera dor e que a Lei de Causa e Efeito rege a vida.

Todo mal feito ao semelhante é

uma semeadura de dor no próprio caminho.

Quem quer ser feliz deve tratar o próximo

com todo o respeito e generosidade

com que desejaria ser tratado.

A vinculação da própria felicidade à felicidade

que se proporciona torna evidente o

quanto é tolo ser egoísta.

Ao buscar seu interesse, em detrimento

ao do próximo, o egoísta apenas se candidata

a vivenciar grandes dores.

Ao se conscientizar da inexorabilidade

da Lei de Causa e Efeito, a Humanidade

reverá seus valores e prioridades.

Entretanto, é preciso reconhecer

que uma idéia nem sempre é fácil

de ser posta em prática.

Provavelmente você já se conscientizou

de que a Justiça Divina é infalível.

Mas ainda titubeia em sua caminhada e

por vezes comete leviandades em

prejuízo do próximo.

Uma boa tática de renovação moral é parar

de apenas pensar e começar a sentir.

Raciocinar é necessário, mas amar

é imprescindível.

O melhor caminho para o genuíno

amor fraterno é a compaixão.

Compaixão é a tristeza que se sente

com a infelicidade alheia.

Mas também é o desejo de livrar o

próximo do sofrimento.

Para desenvolver esse nobre sentimento,

deixe de fugir ao espetáculo das misérias humanas.

Permita-se conviver com os doentes e

os viciados do corpo e da alma,

conforme fez o Cristo.

Faça-se companheiro e amigo

de idosos e enfermos.

Visite asilos, orfanatos, hospitais e presídios.

A título de preservar sua paz,

não cultive a indiferença.

Deixe que seu coração se enterneça

com a dor alheia.

A compaixão impede que um homem

siga satisfeito em meio à tragédia

que devasta a vida do outro.

Ela possui um certo encanto melancólico,

pois nasce ao lado da dor e da desolação.

Contudo, constitui a mais eficiente

forma de cura das ilusões e paixões humanas.

A compaixão desperta as fibras mais íntimas

da alma e a prepara para as experiências

sublimes do devotamento e da caridade.

Não receie sofrer ao se tornar compassivo.

Ao avançar nesse caminho, você logo se

tomará do ideal de aliviar a dor do semelhante

e começará a agir.

Então, a tristeza inicial se converterá no júbilo

de quem amorosamente socorre e ampara

os desprotegidos do mundo.

A alegria de ser útil e bondoso iluminará

sua vida e o acompanhará pela eternidade.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

*** PERIPATÉTICO


Numa das empresas em que trabalhei, eu fazia parte de um grupo de treinadores voluntários.
Éramos coordenados pelo chefe de treinamento, o professor Lima, e tínhamos até um lema:
"Para poder ensinar, antes é preciso aprender".
Um dia, nos reunimos para discutir a melhor forma de ministrar um curso para cerca de 200 funcionários. Estava claro que o método convencional -- botar todo mundo numa sala -- não iria funcionar, já que o professor insistia na necessidade da interação, impraticável com um público daquele tamanho.
Como sempre acontece nessas reuniões, a imaginação voou longe do objetivo, até que, lá pelas tantas, uma colega propôs usarmos um trecho do Sermão da Montanha como tema do evento.
E o professor, que até ali estava meio quieto, respondeu de primeira.
Aliás, pensou alto: - Jesus era peripatético...
Seguiu-se uma constrangida troca de olhares, mas, antes que o hiato pudesse ser quebrado por alguém com coragem para retrucar a afronta, dona Dirce, a secretária, interrompeu a reunião para dizer que o gerente de RH precisava falar urgentemente com o professor. E lá se foi ele, deixando a sala à vontade para conspirar. -
- Não sei vocês, mas eu achei esse comentário de extremo mau gosto - disse a Laura.
- Eu nem diria de mau gosto, Laura. Eu diria ofensivo mesmo - emendou o Jorge, para acrescentar que estava chocado, no que foi amparado por um silêncio geral.
- Talvez o professor não queira misturar religião com treinamento - ponderou o Sales, que era o mais ponderado de todos.
- Mas eu até vejo uma razão para isso...
- Que é isso, Sales? Que razão? -
Bom, para mim, é óbvio que ele é ateu.
- Não diga! -
- Digo. Quer dizer, é um direito dele. Mas daí a desrespeitar a religiosidade alheia...
Cheios de fúria, malhamos o professor durante uns dez minutos e, quando já o estávamos sentenciando à fogueira eterna, ele retornou.
Mas nem percebeu a hostilidade. Já entrou falando:
- Então, como ia dizendo, podíamos montar várias salas separadas e colocar umas 20 pessoas em cada uma. É verdade que cada treinador teria de repetir a mesma apresentação várias vezes, mas...
- Por que vocês estão me olhando desse jeito?
- Bom, falando em nome do grupo, professor, essa coisa aí de peripatético, veja bem...
- Certo! Foi daí que me veio a idéia. Jesus se locomovia para fazer pregações, como os filósofos também faziam, ao orientar seus discípulos. Mas Jesus foi o Mestre dos Mestres, portanto a sugestão de usar o Sermão da Montanha foi muito feliz.
Teríamos uma bela mensagem moral e o deslocamento físico... Mas que cara é essa?
Peripatético quer dizer "o que ensina caminhando".
E nós ali, encolhidos de vergonha. Bastaria um de nós ter tido a humildade de confessar que desconhecia a palavra que o resto concordaria e tudo se resolveria com uma simples ida ao dicionário.
Isto é, para poder ensinar, antes era preciso aprender.
Finalmente, aprendemos duas coisas:
A primeira é: o fato de todos estarem de acordo não transforma o falso em verdadeiro.
E a segunda é que a sabedoria tende a provocar discórdia, mas a ignorância é quase sempre unânime.

(Max Gehringer)

"O raciocínio descobre a vizinhança entre a fé e o entendimentoe a distância entre a fé e o fanatismo" (André Luiz, in Opinião Espírita, cap. 19).


























domingo, 7 de outubro de 2007

*** Serenidade e acomodação

Você já observou que um dos maiores inimigos do homem é a acomodação?

Irmã da indiferença, aparentada com a preguiça, a acomodação é como uma doença que, aos poucos, paralisa as iniciativas humanas.

A acomodação vai contra o ritmo da vida. Sim, porque aqui na Terra tudo nos convida ao trabalho. A ação move a roda do progresso e é responsável pelos avanços humanos.

Sem trabalho, o homem se afasta de seu grupo social. Sem agir, ele se torna praticamente invisível aos outros. E assim foge ao contato que pode enriquecer sua experiência de vida.

Você já notou como há gente acomodada no mundo? Pessoas que, à primeira dificuldade, simplesmente desistem. Outras há que sequer começam qualquer coisa que dê trabalho dobrado. São vítimas da preguiça.

É óbvio que essa acomodação não se restringe apenas ao trabalho. Quem é acomodado, leva isso para todos os demais aspectos da vida.

Assim, o acomodado não busca se aperfeiçoar ou se aprimorar. Pior: geralmente, costuma reclamar que não é valorizado. Esquece que não é valorizado porque está parado no tempo.

A atitude do acomodado é muito diferente da atitude de uma pessoa que enfrenta os acontecimentos da vida com serenidade. Vamos ver qual a diferença?

Sereno é aquele que, diante de uma situação adversa analisa todas as variáveis: verifica onde errou, como pode corrigir e pesa os prós e os contras.

Em geral, a pessoa realmente serena não se deixa perturbar pelas dificuldades, mas busca soluções.

O acomodado é bem diferente. Ele diz simplesmente: "Deus quis assim e eu não vou contra Ele". E cruza os braços!

Ora, é indiscutível que tudo o que acontece é porque Deus permite. Também não se trata de ser contra a vontade divina.

Mas, a vontade divina nos presenteou com o LIVRE ARBÍTRIO! Somos donos de nossa vontade. E as dificuldades chegam para que aprendamos a lidar com elas.

Ou seja: toda situação difícil traz uma lição. Mas esse aprendizado é longo e tem várias fases.

Depois de observar quais lições aprendemos com determinados episódios, o passo seguinte é verificar se podemos minimizar os efeitos negativos.

A diferença entre uma pessoa tranqüila e uma pessoa acomodada é que a segunda não aproveita a lição de forma completa.

A pessoa acomodada pára no meio do caminho. Quando algo aparentemente ruim acontece, chora, se lamenta e fica por isso mesmo.

Algumas vezes até permanece calma, mas não reflete, nem toma qualquer atitude para que no futuro não mais seja atingida por situações semelhantes.

Em verdade, o acomodado tem preguiça de pensar no que fará daí por diante. Para ele é mais fácil varrer as dificuldades para debaixo do tapete do esquecimento.

E esse conformismo paralisa a criatura, faz com que ela se torne apática, sem iniciativa.

Por isso, vale a pena observar os nossos atos perante a vida. Que estamos fazendo com as lições que Deus nos permite vivenciar?

Será que estamos aproveitando para mudar hábitos negativos? Para modificar a maneira de ver as coisas?

Não esqueça de que cada momento vivido é um instante único em nossa trajetória. Cada lágrima ou sorriso carrega consigo um mundo de ricas experiências que devemos aproveitar.

Pense nisso!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

***O GRITO

Uma boa palavra auxilia sempre.
É lamentável se observar como estamos nos esquecendo de cultivar a boa palavra.
Nosso atual vocabulário empobreceu-se muito e, face aos dissabores que nos envolvem a vida, primamos por expressar, pela fala, o mau humor e o desânimo que nos assola.

Basta permanecermos alguns minutos em uma fila de mercado, de ônibus, de banco, para logo se perceber o início das lamentações, das queixas e o desfilar do rosário da infelicidade.

Quanta vez, em plena rua, alguém nos aborda, rosto transtornado a solicitar uma informação. Onde fica o Hospital, a Delegacia, o Posto de Saúde?
De forma mecânica, indicamos a direção correta ou por vezes, alegando pressa, nos escusamos de perder tempo e desviamos da criatura.
E, no entanto, é um ser que sofre e talvez bastasse uma palavra amiga, a gentileza de explicar em pormenores, de seguir com ele um trecho do caminho, para lhe amenizar a dor.

Recordamos que, certa vez, um homem ouvia em um templo religioso as advertências do orador:
"Falar é dom de Deus. Se abrimos a boca para dizer algo, saibamos dizer o melhor. É preciso aproveitar todas as oportunidades porque, às vezes, desajudamos quando podíamos ajudar."

O homem saiu dali e agasalhou a mensagem.

Alguns dias depois, nas funções de pedreiro-chefe inspecionava um grande recinto, em fase final de construção, junto com o engenheiro.
O enorme salão estava muito bonito. Acabamento esmerado e pintura, primorosa.
Vamos experimentar a acústica. - sugeriu o engenheiro. E, virando-se para o pedreiro, lhe pediu: Grite alguma coisa.
Saulo, esse era o nome do pedreiro, recordou as lições de dias antes a respeito da palavra e enchendo os pulmões, bradou alto:
Confia em Jesus!
O som estava muito bem distribuído e agradou a ambos.

Passados alguns minutos, adentra a sala um homem de cabelos em desalinho, perturbado, revólver à mão.

Quem gritou? Pergunta. Quem mandou confiar em Jesus?

Saulo é apontado e o homem a ele se dirige. Percebe-se-lhe no olhar a angústia e o desespero.
Joga-se nos braços do pedreiro e chora:
Obrigado, obrigado, amigo.

E porque ninguém conseguisse entender o que estava acontecendo, explica:

Eu estava no terreno da construção. Queria morrer. Estava encostando o cano do revólver ao ouvido, quando escutei seu apelo. Sustei o gesto.
Estou desempregado há muito tempo e sou pai de oito filhos. Confiar em Jesus. Sim. Eu confiarei.

É sempre importante falarmos o bem.
Mesmo quando pensemos que estamos sós,
pois em verdade não estamos.

Feliz foi o poeta que disse que o homem tem na garganta uma flauta mágica que pode emitir as mais doces melodias. É a voz, talento divino que nos foi dado para o nosso progresso e crescimento dos nossos irmãos.
* * *
A guerra nasce da linguagem dos interesses criminosos, insatisfeitos.
A língua guarda a centelha divina do verbo através do qual o homem pode erguer o monumento da paz.
Assim, podemos utilizar a palavra para consolar e edificar os nossos irmãos.

domingo, 30 de setembro de 2007

*** PENSAR "FORA DA CAIXA"








Hoje me lembrei de um amigo muito querido

e que sempre usava essa expressão

para sugerir que devemos abrir o pensamento

quando queremos nos dar bem na vida, entender o outro

e até mesmo fechar um negócio ou até um contrato de trabalho.


Mas o que significa pensar fora da caixa?
E, afinal, que caixa é essa?


Podemos em princípio pensar que a caixa seja apenas

a nossa mente, ou melhor a nossa forma de pensar,

mas refletindo sobre o assunto acho que a expressão se refere

a algo mais que isso...

Recordei também das pessoas que conheço que pensam fora da caixa.


Lembrei de algumas que tem uma forma de vida diferente da convencional.

Uma dessas pessoas é uma médica. Sanitarista, trabalhava na OMS.

Viajava por diversos países, trabalhando e pesquisando.

Com um espírito jovem, bem disposta e totalmente descolada,

ela veio na minha mente como uma pessoa que vive fora da caixa.


Foi nesse momento que me veio um insight interessante

sobre o que é a caixa;

pois até então, estava pensando ser uma forma diferente de viver,

mais livre, mais solta e aberta às coisas do mundo.
No entanto, lembrando dessa médica,

fui recordando de algumas situações bastante sofridas

que ela enfrentou e das suas reações.

Na verdade, ela se tornou minha amiga,

mas nosso relacionamento começou num encontro profissional.

Bonita de corpo, pele morena e olhos expressivos,

essa moça passava força e poder em cada movimento seu.


Ela era uma verdadeira guerreira, batalhadora e muito esforçada.

Quem olhasse para ela, poderia facilmente notar essa fortaleza interior,

mas mergulhando um pouco mais,

a alma dessa mulher estava aflita por carinho, gentileza e amor.

Conversando sobre sua vida, ela me confidenciou

que sempre teve vontade de ter um relacionamento mais íntimo,

ter um filho, constituir uma família.

Por conta de sua vida profissional,

acabava não dando espaço para isso acontecer.

Agora o relógio biológico pedia esses ajustes

e ela não tinha ninguém para ser o pai do seu filho...


Conversamos muito sobre seus caminhos,

mas não caberia a mim dizer-lhe o que fazer

até porque o certo e o errado

devem ser pesados na vida de cada um de nós.


Se posso dizer algo que aprendi é

que não existem regras absolutas para a felicidade de ninguém

e que as respostas não estão no outro,

mas sim dentro de cada um.

Roberta estava presa à sua caixa.

Vive diferente da maioria das pessoas

porque não tem uma parada fixa, está sempre viajando,

conhece diversas pessoas,

veste-se de um jeito próprio, enfim,

está totalmente fora dos padrões normais das pessoas,

mas está na "sua caixa".


O que me leva a refletir,

é que cada um de nós tem a sua caixa.


E para ser livre, abrir o pensamento e de fato pensar fora da caixa,

precisamos fazer um mergulho interior e enxergar nossas limitações.

Se ficarmos analisando as pessoas e a vida

pelas aparências que chegam até nós

não vamos aprender nada mais profundo e libertador.


O esforço não é pequeno.


E no caso da minha amiga tem sido um verdadeiro desafio,

porque mesmo desejando um amor,

um relacionamento mais duradouro e intenso

ela ainda não conseguiu tirar a armadura da mulher guerreira

que um dia teve que vestir para sobreviver .


Então o que fazer?

Trabalhar a autoconfiança, investir na auto-estima e,

em seguida, ter coragem de mergulhar no buraco negro

de nossos medos mais profundos.


Assim, termino sugerindo que você pense na sua caixa.


O que você está aprisionando aí dentro de você?


O que você pode mudar na sua maneira de encarar a vida para ser feliz?


Se você já sabe da resposta, o que falta para colocar isso em prática?


Se não sabe, sugiro que você pense no seu caminho de vida,

nas pessoas, naquilo que você desde o seu nascimento atraiu para viver.


Porque essa caixa se refere a experiências da alma.

Intenções de aprendizado que neste plano material viemos resolver...


Então, isso significa que soluções lindas são possíveis

e estão ao alcance de todos nós!

Fica com Deus!





sábado, 29 de setembro de 2007

*** A lealdade ignorada

Uma das mais belas qualidades humanas é a lealdade. Quanta grandeza em saber reconhecer um benefício com gestos de fidelidade.

Mas não é isso o que vemos sempre pelo Mundo. Muito pelo contrário.

O mais freqüente é encontrarmos por toda parte o desamor como pagamento àqueles que estendem a mão em auxílio ao próximo.

Quantas vezes vemos amizades e famílias desfeitas, boas lembranças esquecidas. Tudo em nome da deslealdade, que nada mais é do que uma forma de ingratidão.

Assim, vale a pena refletirmos sobre a natureza do que é desleal. Quem agiria assim? Quem seria capaz de pagar um benefício com uma traição? E por que razão faria isso?

Vamos responder por partes. Desleal costuma ser a maior parte da Humanidade em algum momento da vida.

Dificílimo é encontrar alguém que sempre age corretamente, que pauta seus atos pela extrema correção, em todas as ocasiões.

Por outro lado, as razões que levam à deslealdade são sempre baseadas no egoísmo. O egoísta não se preocupa com o bem-estar do outro. Para ele, seus interesses vêm em primeiro lugar.

Por isso, o egoísta não se envergonha em atraiçoar aquele que lhe estendeu mão amiga. Movido por interesses financeiros, por orgulho ou vaidade, não hesita em dar as costas para um amigo ou um ser querido.

E o que é alvo de um gesto de deslealdade - o que deve fazer?

Antes de tudo cabe não julgar. O desleal é alguém doente. Não um doente do corpo, mas um doente da alma, a quem nos cabe perdoar.

Perdoar? Sim, perdoar. Costumamos afastar de nosso dia-a-dia a prática do perdão.

Falamos tanto em perdão e enaltecemos seu valor na hora da provação.

Mas, basta que alguém nos fira, para imediatamente esquecermos tudo o que costumamos falar sobre a necessidade de perdoar o próximo. É uma conveniência.

Assim, diante da deslealdade, recordemos Jesus, que nos ensina a não resistir ao mal.

É o Cristo que nos convida a pagar o mal com o bem, a oferecer a outra face, a perdoar constantemente.

O valor do perdão é maior quanto mais grave é a deslealdade. Quando o desleal é uma alma querida, a quem sempre oferecemos o melhor em termos de amizade.

Uma fórmula preciosa para esses instantes é recorrer à prece. A oração balsamiza a alma, acalma o coração, ilumina os dias.

Se o coração do que é agredido está sereno, ele está liberto.

E o outro? Ah, a questão não é mais entre um e outro. A questão é entre Deus e cada um de nós. O outro? A questão é entre ele e Deus.

De nossa parte, devemos nos preocupar única e exclusivamente com a nossa consciência perante as Leis Divinas. Se estamos em paz, tudo está bem.

Isto, acredite, é também um exercício de desapego. Não contabilizar benefícios faz parte da essência da verdadeira caridade.

Se fizermos um bem a alguém, devemos fazê-lo por amor a Deus, pelo prazer de ser bom, pela alegria de ver os outros felizes.

Fazer o bem simplesmente, sem esperar recompensa, sem aguardar retribuição.

Foi isso o que Jesus nos ensinou. Pense nisso!




quinta-feira, 27 de setembro de 2007

*** QUEM AMA SAI NA FRENTE

O desenvolvimento do Espírito em sua jornada para a plenitude
dá-se em duas frentes.
Ele necessita burilar o intelecto e os sentimentos.
Variadas experiências se sucedem, a fim de que esse aperfeiçoamento ocorra.
O destino final de todos é o mesmo: a angelitude.
Ao contrário do que muitas vezes se imagina, os anjos não são seres
apartados da Humanidade.
Não se trata de privilegiados, perfeitos desde a origem.
Eles são apenas nossos irmãos mais velhos.
Por obra de seu esforço, atingiram a meta, que consiste na plenitude da
evolução intelectual e moral.
Infinitas foram as lutas que travaram em seu longo jornadear pelas fileiras
da Humanidade.
A liberdade de que todos os Espíritos gozam permite que os caminhos sejam
diferentes.
Alguns se apaixonam pelas maravilhas da arte.
Outros encontram na filosofia a razão de inúmeras vidas.
Há quem se encante pelos raciocínios lógicos das ciências exatas.
Todos os ramos do conhecimento se entrelaçam.
No zênite evolutivo, os talentos e o saber são plenos, qualquer que tenha
sido o caminho trilhado.
Mas há uma peculiaridade concernente ao burilamento dos sentimentos.
Ele facilita bastante o processo evolutivo como um todo.
A liberdade constitui pressuposto do aprendizado.
Não é viável adquirir discernimento sem poder fazer opções.
Mas a contraparte obrigatória da liberdade é a responsabilidade.
O Espírito é livre para agir, experimentar e aventurar-se.
Contudo, responde por tudo o que faz.
Quando se permite atitudes equivocadas, registra desequilíbrios em sua
consciência.
Tais desequilíbrios se manifestam na forma de bloqueios, fobias e
enfermidades.
Às vezes são necessárias muitas encarnações para propiciar a limpeza
psíquica do que se fez em apenas uma.
As posições de poder são as que mais ensejam profundas e longas crises de
consciência.
Enquanto gasta tempo para se equilibrar, o Espírito retarda seu processo
evolutivo.
A rigor, a evolução sempre ocorre, pois as experiências vão propiciando um
irresistível amadurecimento.
Mesmo do erro sempre surgem proveitosas lições.
Entretanto, as lições oriundas de grandes equívocos tendem a ser sofridas e
trabalhosas.
Justamente por isso o amadurecimento do senso moral constitui um poderoso
impulsor da evolução.
Quem se compadece do semelhante não comete desatinos contra ele.
Por vezes erra, pois a perfeição é a meta final, ainda distante da
Humanidade em geral.
Mas tais erros são oriundos da ignorância e não da maldade.
Jamais possuem conotação cruel e são de fácil reparação.
Assim, quem luta por se aperfeiçoar moralmente se abstém de inúmeras dores.
Ao desenvolver pureza, deixa de cometer desatinos na área da sexualidade.
Tomando gosto pela conduta honesta, não assume compromissos com o patrimônio
alheio, público ou privado.
Ao adotar o trabalho e a prudência como roteiros de vida, jamais se torna um
peso para os semelhantes.
Em suma, o desenvolvimento moral evita muitos erros.
Conseqüentemente, furta o Espírito da necessidade de sofridas atividades
reparadoras.
Se você deseja trilhar em paz o caminho para o Pai, burile os seus
sentimentos.
Afinal, quem ama sai na frente.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

*** O tempo: Senhor maior de todas as curas

Ensinam os bons mestres que devemos assistir nossa atuação no mundo como se estivéssemos observando uma peça de teatro. No palco o desenrolar dos nossos papéis onde atuamos como protagonistas das nossas ações e comportamentos. Na platéia nós estamos também, porém sentados assistindo o drama ou a comédia em que atuamos como personagens.

Facilita muito também se a gente for capaz de dialogar mentalmente com o nosso personagem em cena chamando-o pelo nosso nome de batismo e docemente comentar a cena para que ele perceba como está atuando.
Por exemplo:

Você está na sala com seu companheiro e a conversa toma um rumo desagradável onde a "sua você" que controla, cobra e acusa, começando a pôr as manguinhas de fora. Neste momento inicia-se um clima de briga e é nesta hora que a "você que está assistindo à cena" deve pontuar este movimento dizendo mentalmente:


- Olha, a Fulana (diga seu nome) iniciando novamente seu rosário de queixas e cobranças, sem deixar que o outro se defenda ou coloque suas razões.


Com isso a mente leva um susto e pode provocar um profundo movimento de respiração libertando desta forma os elos do padrão repetitivo.

Parece fácil quando a gente lê.

Mas é bem mais complicado quando decidimos praticar este mecanismo que tanto ajuda no controle dos nossos padrões emocionais.


Quando damos conta já falamos e colocamos tudo meio sem pensar, magoamos o outro e só depois é que vamos ponderar os resultados.


Mas se praticarmos esta técnica em todos os momentos do nosso dia-a-dia vamos perceber que o tempo vai nos disciplinando, transformando o que parece tão difícil num hábito.

Outra forma de controlarmos o nível das nossas reações emocionais é tomarmos conhecimento que somos feitos de diferentes partes que são muitas vezes totalmente opostas.


Revelamos muitas vezes a nossa parte angelical nos conselhos que damos aos amigos, mas imediatamente podemos expor nosso lado vingativo desejando que esta ou aquela pessoa suma da nossa vida.


Costumo incentivar estas partes a conversarem entre si ou se perguntarem durante uma reação emocional:


- Qual parte minha está falando assim ou sentindo desta forma?


Identificando a parte fica mais fácil ajudá-la a vencer o problema e resolver a situação.


Mas seja como for uma coisa é certa: o tempo com sua gigantesca sabedoria poderá nos dar cada dia mais lucidez e entendimento.

E fica aqui para você uma outra forma de escaparmos das "borboletas no estômago" todas as vezes que nos defrontamos com situações angustiantes.
Faça a si mesmo(a) esta pergunta:


- O que este fato vai significar na minha vida daqui a quinze dias, um mês ou um ano?

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

*** MELINDRE OU AGRESSIVIDADE

Melindre tem várias definições.

Pode ser definido como amabilidade,

delicadeza no trato, recato, pudor.

No entanto, é quase certo que

ao ser utilizado pelas pessoas,

o conceito que expressa é de

facilidade de se magoar, de se ofender,

suscetibilidade.

Nesse sentido, tem sido comum a sua invocação,

nas relações humanas.

As menores atitudes de um funcionário,

de um amigo recebem a adjetivação imediata.

Por isso, amizades se diluem,

desentendimentos acontecem,

duplicando mágoas de um e de outro lado.

Nas várias facetas do trabalho voluntário,

melindre tem sido utilizado para justificar

traições, desajustes e quebra moral .

Que ele existe, é verdade.

Mas que as pessoas se dão, por vezes,

um valor maior do que verdadeiramente possuem

e aguardam tratamento especial, também é verdade.

No entanto, um outro lado da questão se apresenta

e tem sido esquecido, quase sempre.

Se melindre é a manifestação do orgulho ferido,

não menos verdade que medra, entre as criaturas,

muita falta de tato, delicadeza e gentileza.

Em nome de uma falsa caridade,

de expressar a verdade, amigos

e companheiros de trabalho

se permitem lançar ao rosto do outro tudo que pensam.

E não medem palavras nas suas expressões.

É como se tomassem de pedras e as jogassem,

sem piedade.

E o que esperam é que o outro aceite tudo.

Quando o agredido se insurge,

quando toma uma atitude, quando fala de respeito,

é tomado como aquele que se melindra.

Contudo, em nenhum momento o agressor,

aquele que foi indelicado e feroz, se desculpa.

Não, ele está certo.

O outro é que é portador de muito orgulho.

Nesse diapasão, vidas honradas de trabalho

têm sido literalmente jogadas no lixo.

Servidores de anos têm tido

seus esforços depreciados,

como se fossem coisa alguma.

E o que critica maldosamente,

o que aponta os erros mínimos é o herói,

a pessoa correta.

Refaçamos os passos enquanto é tempo.

Antes de destruirmos valores afetivos preciosos

Antes de atacarmos instituições centenárias

com folha irrepreensível de dedicação

e serviço à comunidade.

Examinemos quantas vezes a culpa nos compete.

Quantas vezes teremos sido nós os provocadores

do afastamento de pessoas de nosso convívio.

Ou da instituição a que prestamos serviço.

Da nossa família, da nossa esfera de amizades.

Recordamos que, certa vez, em reunião de trabalho,

um voluntário interrompeu de forma agressiva

a fala do coordenador.

Reclamou e reclamou, ferindo e

humilhando-o frente aos demais.

O ferido se calou, dolorido.

Depois de alguns dias, procurou o agressor

em particular.

A sós com ele, expressou a sua mágoa,

com o sincero objetivo de modificar

a emoção ferida e apaziguar seu mundo íntimo.

O interlocutor, em vez de reconhecer a indelicadeza,

reverteu a situação e deu o diagnóstico impiedoso:

não houvera agressão de sua parte.

O outro é que se melindrara.

Pensemos nisso.

Será que a constatação quase diária de melindre

nos outros não se tornou uma válvula de escape para nós?

Uma desculpa para a nossa rispidez cotidiana,

o nosso relaxamento no trato com o semelhante?

* * *

Quem se melindra, deve trabalhar

para se tornar menos suscetível.

Mas quem provoca o melindre

não pode se esquecer da lei de caridade,

da afabilidade e da doçura preconizados por Jesus:

Bem-aventurados os mansos e pacíficos.

Redação do Momento Espírita com base em fato narrado no artigo
O problema do melindre, de André Marcílio Carvalho de Azevedo,
da Revista Presença Espírita nº 261, ed. Le
al

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

*** O HÁBITO NOCIVO



Hábito é o que incorporamos ao nosso dia a dia. É nossa maneira usual de
ser.
É o que realizamos de forma mecânica.
Atitudes que assumimos e realizamos, sem nos darmos conta.

Vejamos: quantas vezes já nos aconteceu de chegar em casa e colocar as
chaves sobre algum lugar?

Tão mecanicamente é executada a ação que, ao precisar das chaves, algum
tempo depois, não conseguimos recordar onde as deixamos.

Saímos de casa, apagamos as luzes, passamos a chave na porta.
Depois de
andarmos algumas quadras, nos questionamos se fechamos ou não a casa.

E precisamos retornar para ter a certeza, a fim de que não permaneçamos o
restante do dia em desassossego.

Muitas outras coisas fazemos de forma automática.

Tomamos café, regamos as plantas, alimentamos o gato, sem pensar.

Ao lado dessas questões, outros hábitos temos não muito saudáveis.
E, por
incorporados à nossa forma de ser, não nos apercebemos o quão danosos são.
É comum se observar, antes de uma palestra ou conferência, um grande
burburinho pelo salão.
Natural, num primeiro momento, pelo reencontro com amigos, cumprimentos,
saudações, sorrisos, torna-se desagradável quando uma música se faz
presente, e não modificamos nossa postura.

Alguém toca ao piano delicada melodia, ou dedilha um violão, ou canta e nós
prosseguimos a falar, como se nada estivesse acontecendo.

A impressão que se têm é que chegamos ao local programados para ouvir a
palestra. E tudo o mais que antes aconteça, não tomamos conhecimento, não
registramos.

Mau hábito, que caracteriza, inclusive, grande indelicadeza de nossa parte,
desde que o artista que vai se apresentar naquele momento, merece, ao menos,
que permaneçamos em silêncio, para ouvir a sua arte.

E não menos grave é quando, concluída a palestra que nos propusemos ouvir,
de imediato, nos erguemos e saímos com ruído.

Não aguardamos a real conclusão do evento para um lembrete final que se
fará, um agradecimento ao orador, uma advertência útil.
E o mesmo se repete nos cinemas quando, acabado o filme, nos erguemos e
vamos saindo, esquecidos de que muitos apreciam ver todos os créditos.
O que não lhes é permitido porque em nos levantando, obstruímos a sua visão
da tela.

É essa mesma atitude que nos permite observar a miséria perambulando pelas
ruas, sem que nos atinja.
Habituamo-nos de tal sorte às cenas que nos
tornamos insensíveis.

Habituamo-nos a ver a corrupção triunfar, que já não desejamos fazer coisa
alguma para a debelar.

Hábitos... Hábito de ver a mentira adquirir forma, volume e não emitirmos
movimento algum no sentido de esclarecer a verdade, de defender o caluniado.

Hábito de receber a bênção da chuva, os raios do sol, as carícias do vento,
sem nenhuma gratidão. Como se o Universo inteiro nos devesse o favor de
servir.

Hábito de não ouvir quem nos fala da sua dor, da sua dificuldade. Hábito de
não pensar senão em si mesmo.

É hora de parar para pensar e buscar refazer atitudes.

Reflitamos que o bom da vida é viver.

E para viver intensamente é preciso se
sentir tudo que se faz, tudo que nos chega.

É preciso olhar em torno, estar presente, agir, tomar atitudes pensadas,
atentas.

Desta forma, alteremos o rumo.

Aprendamos a observar o dia, a olhar as pessoas nos olhos, a perceber o que
acontece ao nosso redor.

Moldemos hábitos de gentileza, de delicadeza, de gratidão.

Vivamos mais conscientes.
Aprendamos a sentir prazer nas pequenas coisas
como andar, correr, comer, molhar-se na chuva ou aquecer-se ao sol.

Aprendamos a olhar para as estrelas, a nos extasiar com a noite enluarada, a
vibrar com a música, o perfume, as pessoas.

Abandonemos hábitos nocivos e nos tornemos mais felizes, desde agora.





segunda-feira, 10 de setembro de 2007

*** Comunicar não é o que a gente fala e sim o que o outro entende

Esta noite tive um sonho, para mim muito significativo. Um sonho que me fez pensar sobre a arte da comunicação.
Sonhei que estava com uma turma em frente a uma faculdade e que ninguém aparecia para dar aulas.Estávamos muito indignados e eu me prontifiquei em ir até a secretaria da faculdade para saber o que estava acontecendo.Encontrei alguns funcionários e perguntei onde estavam os professores. Ninguém sabia de nada. Perguntei se não havia um folheto explicando sobre os cursos, os horários das aulas e os nomes dos professores - ninguém sabia de nada.
Fui ficando revoltada com aquela falta de responsabilidade e pedi um microfone para anunciar a toda a turma que havíamos sido enganados.
Quando comecei a falar senti que havia sobre a minha língua uma camada espessa de goma de mascar cor-de-rosa que entupia minha garganta e eu não conseguia falar.
Acordei suando, assustada, sufocada.

Sentei na cama e perguntei em voz alta a mim mesma:

- O que você não está conseguindo comunicar?

E iniciei imediatamente um processo de procurar onde eu estava me sentindo tão sufocada.

Não foi difícil encontrar.

Com 65 anos e uma vida vivida intensamente, creio que já tenho uma pequena bagagem do que pode acontecer ao ser humano quando ele é submetido a alguns condicionamentos na infância e na sua vida em geral.

A experiência acaba nos mostrando que é quase matemático:

Uma criança criada sob a intolerância, desamor, a violência e a insegurança dos pais (ou, pelo contrário, uma criança com pais superprotetores, permissivos demais) vai – quase sempre – desabar num adulto sem energia, sem força para lutar e conquistar seu espaço no mundo.

Um adulto cheio de medos e baixa auto-estima, que acaba precisando de um, ou outros, para se sentir seguro e integrado.

Um ser dependente de substâncias, afeto, amor, necessitando sempre de saber o que os outros pensam dele ou o que podem fazer para ele se sentir aceito e amado.

Pode ser uma das raízes de pessoas que amam demais, comem demais, bebem demais, fumam demais, trabalham demais, maníacas por ordem, por sexo, enfim, uma gama enorme de desarmonias que povoam este planeta.

Pela organização das coisas, via de regra estas pessoas, ou algumas delas, acabam sentadas na frente dos terapeutas quando já são adultas e já cansaram de tanto sofrer e tentar mil e uma coisa para se verem livres dos seus tormentos emocionais.

Claro que dá vontade de chorar com elas o tempo da infância em que foram alvos de um verdadeiro laboratório de “como não se educa”, mas isso já não é mais possível e só resta correr atrás do prejuízo.

Minha conclusão, talvez simplista, é a de que quando comunicamos, educamos, influenciamos ou formamos alguém devemos sempre nos perguntar:

- O que esta pessoa está entendendo, sentindo ou memorizando desta minha maneira de transmitir as coisas?

- O que eu estou comunicando está no nível correto do que este ser pode entender?

- Quais as conseqüências que minha comunicação pode causar neste indivíduo que está sob minha responsabilidade?

- Estou respeitando o sistema de crenças e a religiosidade desta pessoa?

- Vejo esta pessoa como uma face de Deus que está ao meu lado para trocar experiências comigo?

- Sinto profundamente que o que eu fizer para este ser estarei fazendo para todo o planeta?

- Acredito que quem está perto de mim é um espelho que reflete quem profundamente eu sou?

- Sei honrar e respeitar meus semelhantes quando estabeleço um processo de comunicação, seja para o que for?

- Falo sempre o que sinto ou o que quero que o outro sinta?

Pense nisso.

Pense também que comunicar não é aquilo que falamos
e sim o que o outro entende, sente, decodifica.

Bons sonhos!